O coração da Igreja
O Doutor Padre Carlos Cabecinhas, Reitor do Santuário de Fátima, acaba de publicar um livro sobre o dom da Eucaristia, intitulado No Coração da Igreja – Eucaristia, Comunidade e Missão.
É um livro de conteúdo bíblico e pastoral muito rico e de fácil leitura.
Nós, cristãos consagrados e leigos, sem darmos conta podemos proceder como as crianças que, ao apanhar um objeto preciosíssimo, brincam com ele e acabam por o atirar ao chão. Também nós, sacerdotes, ao pegarmos na hóstia antes da consagração, se não estivermos concentrados, podemos pronunciar as palavras da Consagração esquecendo que ao consagrar o Pão realizamos um dos maiores milagres.
Assim como a eucaristia é o coração da Igreja, assim a missa é o coração da vida sacerdotal. Por razões de saúde estive 40 dias sem poder celebrar, pareceu-me ser menos sacerdote.
Pode também acontecer que os leigos, ao comungarem, se esqueçam que estão a receber o melhor dom desse dia.
Recordo o que disse no Terço da novena de preparação para a Peregrinação do Coração, do Movimento da Mensagem de Fátima nos dias 18 e 19 de julho.
Ouçamos o que nos diz a Vidente Lúcia:
A terceira aparição parece‑me que deveu ser em outubro ou fins de setembro, porque já não íamos passar as horas da sesta a casa.
Como já disse no escrito sobre a Jacinta, passámos da Prégueira (é um pequeno olival pertencente a meus pais) para a Lapa, dando a volta à encosta do monte pelo lado de Aljustrel e Casa Velha. Rezámos aí o terço e (a) oração que na primeira aparição nos tinha ensinado. Estando, pois, aí, apareceu‑nos o Anjo pela terceira vez, trazendo na mão um cálix e sobre ele uma Hóstia, da qual caíam, dentro do cálix, algumas gotas de sangue. Deixando o cálix e a Hóstia suspensos no ar, prostrou‑se em terra e repetiu três vezes a oração:
Santíssima Trindade, Padre, Filho, Espírito Santo, adoro‑Vos profundamente e ofereço‑Vos o preciosíssimo Corpo, Sangue, Alma e Divindade de Jesus Cristo, presente em todos os sacrários da terra, em reparação dos ultrajes, sacrilégios e indiferenças com que Ele mesmo é ofendido. E pelos méritos infinitos do Seu Santíssimo Coração e do Coração Imaculado de Maria, peço‑Vos a conversão dos pobres pecadores.
Depois, levantando‑se, tomou de novo na mão o cálix e a Hóstia e deu‑me a Hóstia a mim, e o que continha o cálix deu‑o a beber à Jacinta e ao Francisco, dizendo, ao mesmo tempo:
- Tomai e bebei o Corpo e o Sangue de Jesus Cristo horrivelmente ultrajado pelos homens ingratos. Reparai os seus crimes e consolai o vosso Deus.
De novo se prostrou em terra e repetiu connosco a mais três vezes a mesma oração:
- Santíssima Trindade… e desapareceu.
Levados pela força do sobrenatural que nos envolvia, imitávamos o Anjo em tudo, isto é, prostrando‑nos como Ele, e repetindo as orações que Ele dizia. A força da presença de Deus era tão intensa que nos absorvia e aniquilava quase por completo. Parecia privar‑nos até do uso dos sentidos corporais por um grande espaço de tempo. Nesses dias, fazíamos as ações materiais como que levados por esse mesmo ser sobrenatural que a isso nos impelia. A paz e felicidade que sentíamos era grande, mas só íntima, completamente concentrada a alma em Deus. O abatimento físico, que nos prostrava, também era grande.
Aprendamos do Anjo a preparar a nossa comunhão, para recebermos Jesus com dignidade e agradecermos o dom de termos Jesus em nós. Recordemos o que Jesus disse em Cafarnaum: “Quem me recebe fica em Mim e eu n’Ele” Jo 6, 56
O Anjo, como vê Jesus na Eucaristia face a face, quer ajudar-nos a preparar a comunhão, a agradecê-la e a vivê-la no dia-a-dia.
Em breve voltaremos a refletir sobre esta aparição.
Pe. Antunes