Do encanto à vida – 7
25 de Setembro, 2020

O coração da Igreja

 

O Doutor Padre Carlos Cabecinhas, Reitor do Santuário de Fátima, acaba de publicar um livro sobre o dom da Eucaristia, intitulado No Coração da Igreja – Eucaristia, Comunidade e Missão.

É um livro de conteúdo bíblico e pastoral muito rico e de fácil leitura.

Nós, cristãos consagrados e leigos, sem darmos conta podemos proceder como as crianças que, ao apanhar um objeto preciosíssimo, brincam com ele e acabam por o atirar ao chão. Também nós, sacerdotes, ao pegarmos na hóstia antes da consagração, se não estivermos concentrados, podemos pronunciar as palavras da Consagração esquecendo que ao consagrar o Pão realizamos um dos maiores milagres.

Assim como a eucaristia é o coração da Igreja, assim a missa é o coração da vida sacerdotal. Por razões de saúde estive 40 dias sem poder celebrar, pareceu-me ser menos sacerdote.

Pode também acontecer que os leigos, ao comungarem, se esqueçam que estão a receber o melhor dom desse dia.

Recordo o que disse no Terço da novena de preparação para a Peregrinação do Coração, do Movimento da Mensagem de Fátima nos dias 18 e 19 de julho.

Ouçamos o que nos diz a Vidente Lúcia:

A terceira aparição parece‑me que deveu ser em outubro ou fins de setembro, porque já não íamos passar as horas da sesta a casa.

Como já disse no escrito sobre a Jacinta, passámos da Prégueira (é um pequeno olival pertencente a meus pais) para a Lapa, dando a volta à encosta do monte pelo lado de Aljustrel e Casa Velha. Rezámos aí o terço e (a) oração que na primeira aparição nos tinha ensinado. Estando, pois, aí, apareceu‑nos o Anjo pela terceira vez, trazendo na mão um cálix e sobre ele uma Hóstia, da qual caíam, dentro do cálix, algumas gotas de san­gue. Deixando o cálix e a Hóstia suspensos no ar, prostrou‑se em terra e repetiu três vezes a oração:

Santíssima Trindade, Padre, Filho, Espírito Santo, adoro­‑Vos profundamente e ofereço‑Vos o preciosíssimo Corpo, San­gue, Alma e Divindade de Jesus Cristo, presente em todos os sacrários da terra, em reparação dos ultrajes, sacrilégios e indi­ferenças com que Ele mesmo é ofendido. E pelos méritos infini­tos do Seu Santíssimo Coração e do Coração Imaculado de Maria, peço‑Vos a conversão dos pobres pecadores.

Depois, levantando‑se, tomou de novo na mão o cálix e a Hóstia e deu‑me a Hóstia a mim, e o que continha o cálix deu‑o a beber à Jacinta e ao Francisco, dizendo, ao mesmo tempo:

  • Tomai e bebei o Corpo e o Sangue de Jesus Cristo horri­velmente ultrajado pelos homens ingratos. Reparai os seus cri­mes e consolai o vosso Deus.

De novo se prostrou em terra e repetiu connosco a mais três vezes a mesma oração:

  • Santíssima Trindade… e desapareceu.

Levados pela força do sobrenatural que nos envolvia, imitá­vamos o Anjo em tudo, isto é, prostrando‑nos como Ele, e repe­tindo as orações que Ele dizia. A força da presença de Deus era tão intensa que nos absorvia e aniquilava quase por comple­to. Parecia privar‑nos até do uso dos sentidos corporais por um grande espaço de tempo. Nesses dias, fazíamos as ações ma­teriais como que levados por esse mesmo ser sobrenatural que a isso nos impelia. A paz e felicidade que sentíamos era grande, mas só íntima, completamente concentrada a alma em Deus. O abatimento físico, que nos prostrava, também era grande.

Aprendamos do Anjo a preparar a nossa comunhão, para recebermos Jesus com dignidade e agradecermos o dom de termos Jesus em nós. Recordemos o que Jesus disse em Cafarnaum: “Quem me recebe fica em Mim e eu n’Ele” Jo 6, 56

O Anjo, como vê Jesus na Eucaristia face a face, quer ajudar-nos a preparar a comunhão, a agradecê-la e a vivê-la no dia-a-dia.

Em breve voltaremos a refletir sobre esta aparição.

Pe. Antunes

Pin It on Pinterest

Share This
Skip to content