Nos dias 19 e 20 de julho, a Cova da Iria acolheu a 47.ª Peregrinação Nacional do Movimento da Mensagem de Fátima (MMF), reunindo centenas de Mensageiros de todas as dioceses do país. Este encontro anual reafirma o compromisso de fidelidade aos pedidos da Virgem do Rosário de Fátima, e contribui para renovação da missão de levar a luz e a paz do Coração Imaculado de Maria a todos, especialmente às “periferias geográficas e existenciais”.
A peregrinação iniciou-se com o desfile e a saudação a Nossa Senhora, na Capelinha das Aparições, seguida da assembleia geral do Movimento, realizada no Centro Pastoral Paulo VI. O Reitor do Santuário de Fátima, Padre Carlos Cabecinhas, incentivou os Mensageiros a viverem e anunciarem a esperança que brota da Mensagem de Fátima. No final da sua intervenção, lançou um desafio ao MMF: comprometer-se com o centenário das aparições de Pontevedra, que se celebrará no próximo ano pastoral, através da vivência e divulgação da devoção dos cinco primeiros sábados.
O Assistente Nacional, Padre Daniel Mendes, agradeceu o trabalho pastoral desenvolvido pelos diversos secretariados diocesanos e paroquiais, que de forma humilde e silenciosa, ao jeito dos santos Pastorinhos, levam ao coração de muitos mensageiros a esperança da Mensagem de Fátima e despertam nos corações dos batizados o desejo de conhecer melhor a Mensagem da Senhora mais brilhante que o sol. O Padre Daniel Mendes partilhou, ainda, os ecos da participação do MMF no jubileu dos Movimentos e Novas Comunidades, realizado em Roma, de 6 a 9 de Junho.
Segundo o Assistente Nacional, o MMF é chamado a acolher os desafios lançados pelo Papa Leão XIV na sua ação pastoral, que sintetizou em três grandes linhas; a vivência do dinamismo da evangelização como dom e graça que brota do encontro pessoal com Cristo e com os irmãos; o dinamismo sinodal, como caminho para reforçar a presença do MMF nas diversas Igrejas locais, da qual faz parte integrante, promovendo a corresponsabilidade, e a comunhão na missão; por fim, a ação do Espírito Santo como fonte de renovação, mesmo em tempo de dificuldade, pois é capaz de transformar a igreja e mundo. Maria, neste contexto, foi apresentada como a Senhora do Pentecostes, que intercede para que a ação pastoral se torne mais missionária.
Neste ano, o MMF assumiu como prioridade aprofundar o conhecimento e a devoção à Venerável Irmã Lúcia de Jesus e do Coração Imaculado. Na Cova da Iria, a menina escutou uma Mãe e, à sua semelhança, todos os Mensageiros são convidados à mesma escuta. A figura da Venerável Irmã Lúcia de Jesus e do Coração Imaculado foi central nesta 47.ª Peregrinação Nacional, como modelo de fidelidade, esperança e entrega silenciosa, verdadeira profeta da esperança cristã.
Lúcia representa aquilo a que o Jubileu convida todos os crentes: caminhar com o coração voltado para Deus, mesmo em tempos de escuridão, confiando que a luz da graça triunfará. A sua esperança não nasce da ausência de dor, mas da certeza de que Deus transforma tudo em bem. Mesmo sem ver os frutos, ela semeou com confiança. Cada gesto escondido, cada oração silenciosa, cada sacrifício oferecido em amor torna-se semente de luz para o mundo. O seu itinerário de vida, desde pequena pastorinha, à jovem mensageira, até à madura mensageira carmelita, testemunha que a verdadeira esperança não consiste em esperar que tudo mude, mas em confiar e a permanecer na fidelidade ao dom recebido e ao “sim” dado. A oração de Lúcia torna-se, assim, um verdadeiro “caminho de esperança”, tal como cada passo do peregrino jubilar é sinal de uma fé viva. Ao ler os seus escritos, a sua oração ecoa na caminhada jubilar, movendo os corações para uma vida renovada pelo Espírito Santo, por graça divina recebida.
Neste espírito, foi acolhida com grande alegria a exposição “Irmã Lúcia: Pastorinha, Mensageira e Profeta de Esperança”, concebida como espaço de memória e inspiração, que percorre o itinerário de vida da Irmã Lúcia.
A peregrinação foi ainda enriquecida com a conferência da Irmã Ângela Coelho, Vice-postuladora da Causa de Canonização da Irmã Lúcia, que ofereceu uma reflexão profunda e esclarecedora sobre a sua vida e espiritualidade, revelando a grandeza de uma alma simples, totalmente entregue à vontade de Deus.
A noite de sábado foi marcada pela participação no Terço, na Procissão das Velas e na celebração da Eucaristia na Basílica da Santíssima Trindade, presidida pelo Padre Miguel Teixeira Duarte, Assistente Diocesano do recém-criado Secretariado Diocesano de Lisboa. Num testemunho pessoal, partilhou como o carisma da Mensagem de Fátima e o exemplo dos Pastorinhos se tornaram companheiros no seu caminho vocacional.
Seguiu-se a Via-Sacra nas colunatas, vivida com profunda introspeção, inspirada pelas palavras do Papa Francisco, Papa Leão XIII, Santo Agostinho e pelos Pastorinhos de Fátima. A noite, de vigília comunitária, culminou com a oração Mariana na Capelinha das Aparições, preparada pelo Secretariado Diocesano de Braga. Durante a noite, decorreu, em ato contínuo, a Adoração Eucarística em espírito de reparação, inspirada na vivência dos Pastorinhos. A encerrar este momento, na aurora do novo dia, celebrámos Laudes Matutinas e agradecemos e louvámos o Nosso Deus com procissão Eucarística no recinto.
A peregrinação encerrou no domingo com a recitação do Terço e a celebração da Eucaristia no Recinto de Oração, presidida por D. António Marto, Cardeal e Bispo Emérito de Leiria-Fátima. Na homilia, destacou a mensagem do Evangelho sobre a hospitalidade, sintetizada nos verbos: acolher, escutar e servir. Convidando todos os Mensageiros a seguirem o exemplo de Maria e dos Santos Pastorinhos, no concreto das suas vidas.

