No dia a dia ouvimos muitas vezes a expressão: “a esperança é a última a morrer”. Mas será esta frase suficiente para nos animar numa sociedade marcada por tantas notícias que nos conduzem mais ao desânimo do que à esperança?
A esperança cristã não é um otimismo fácil. É virtude teologal: nasce da certeza de que Deus nos ama, acredita em nós e nos chama a viver confiantes. Pergunto então: onde está a nossa esperança e como a vivemos?
O Papa Francisco recorda que as crises revelam as nossas fragilidades, mas também podem transformar-se em oportunidades e em esperança. Deste modo, a esperança cristã não é passiva nem inerte; é oração e ação. É abrir o coração ao Senhor Jesus, rezando com confiança: “Senhor Jesus Cristo, Filho de Deus vivo, tende piedade de mim, pecador.”
A oração é o alimento da esperança. É ela que sustenta a fé e a caridade. Também o Evangelho e a Mensagem de Fátima estão cheios de ecos de esperança; “Não temais”!
A Mensagem de Fátima é um apelo à esperança, é um convite a voltarmos para Jesus, tendo como ponto de partida a oração que o Anjo ensinou na primeira aparição: “Meu Deus, eu creio, adoro, espero e amo-Vos. Peço-Vos perdão para os que não creem, não adoram, não esperam e não Vos amam”. E, Nossa Senhora do Rosário de Fátima não precisou de muitas palavras para reacender o fogo da esperança nos corações dos pastorinhos. Bastou-lhes vê-la pela primeira vez e ouvi-la dizer que vinha do céu, inundando os seus corações de alegria, porque comunicava certeza e esperança: “Por fim o Meu Imaculado Coração triunfará”.
Francisco e Jacinta viveram esta esperança em todos os momentos das suas vidas, mas de forma particular no sofrimento e na doença. A fé, a esperança e a caridade levou-os a preocuparem-se com a salvação de todos, desejando o Céu não só para si, mas para todos os pecadores. Também nós somos chamados a viver e a semear esperança em comunidade, pois ninguém é feliz sozinho.
O Papa Bento XVI afirmou, no comentário que fez à terceira parte do segredo, que até o Segredo de Fátima termina com uma imagem de esperança: nenhum sofrimento é inútil, porque unido a Cristo torna-se fonte de renovação. Maria, Mãe da Esperança, mostrou-o no Calvário, permanecendo firme junto da Cruz, certa da Ressurreição.
Hoje, Nossa Senhora continua a depositar em nós essa mesma esperança: a certeza de que Deus nunca nos abandona, apesar da existência de tantas escuridões, que marcam as nossas existências. Como diz o salmista: “Ainda que atravesse vales tenebrosos, de nenhum mal terei medo, porque Tu estás comigo.” (Sal 23,4).
A esperança cristã não nega a dor nem a morte, mas celebra o amor de Cristo Ressuscitado que caminha sempre connosco. Ele é a verdadeira luz que guia a nossa noite, a estrela da manhã que nunca se apaga.
Que cada um de nós, mensageiros de Nossa Senhora, à semelhança dos santos Pastorinhos, saiba viver como peregrino de esperança, conhecendo cada vez mais e anunciando a Mensagem de Fátima, como lugar de esperança, sustentados pela fé e pela caridade.
Ana Maria Carvalho| Responsável Nacional da Pastoral da Oração.

